Um novo estudo associou bebidas açucaradas a um risco maior de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em relação a outros doces. Publicada nesta semana no Frontiers in Public Health, a pesquisa entrevistou quase 70 mil pessoas na Suécia sobre suas dietas. O levantamento considerou ainda a incidência de derrames, ataques cardíacos e insuficiência cardíaca nos registros nacionais de saúde, fazendo uma relação com alimentos e bebidas que levam o açúcar.
Para isso, estudiosos analisaram o consumo de bebidas açucaradas, como refrigerantes; doces, como bolos; e coberturas, como mel ou açúcar adicionado a bebidas, como café. O consumo de bebidas doces (excluindo sucos de frutas puros) sugeriu um risco maior de doenças cardíacas do que o consumo de doces assados.
A conexão entre baixo nível de açúcar e maior risco cardiovascular ainda precisa de mais estudos. Porém, teorias biológicas explicam por que bebidas açucaradas estão mais associadas a doenças cardíacas. “Açúcares líquidos são absorvidos mais rapidamente no sistema digestivo, pois não requerem os mesmos processos de decomposição que alimentos sólidos”, disse Suzanne Janzi, doutoranda em epidemiologia nutricional na Universidade de Lund, na Suécia.
Ela explica que açúcares sólidos geralmente fazem parte de alimentos que contêm outros nutrientes, como fibras, proteínas e gorduras. Esses nutrientes retardam a digestão, ou seja, há uma liberação mais gradual de açúcar na corrente sanguínea.Eles prolongam a satisfação, enquanto açúcares líquidos geralmente não saciam, o que pode desregular o apetite e levar ao consumo de muitas calorias. Além disso, diferentes fontes de açúcares adicionados também variam em seus padrões de consumo.
É preciso cortar o açúcar?
Surpreendentemente, participantes do estudo que consumiram a menor quantidade de açúcar não tiveram o menor risco de doenças cardíacas.
De acordo com Janzi, a principal autora do estudo, à CNN, não se sabe quais fatores podem estar por trás disso.
Ela também apontou a possibilidade de que aqueles que limitam o consumo de açúcar tenham condições de saúde existentes que exigem dietas restritivas, que não fornecem todos os nutrientes necessários. A pesquisadora ligou ainda o consumo de doces à tradição sueca “fika”, na qual as pessoas se reúnem para tomar café e comer doces.
Vale destacar que, no estudo, foram considerados idade, sexo, nível de exercício, IMC (índice de massa corporal), álcool e fumo. Além disso, os participantes eram, principalmente, de ascendência europeia.
Por fim, embora não seja necessário cortar o açúcar, é recomendável reduzir gradualmente o consumo de bebidas doces. Para se ter uma ideia, a American Heart Association recomenda não passar de 6 colheres de chá de açúcar adicionado por dia para mulheres e 9 para homens.
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