Cameron rejeita IA generativa e defende método de captura de atores em Avatar
O diretor James Cameron, responsável pela franquia “Avatar”, manifestou forte oposição à inteligência artificial generativa durante entrevista ao programa CBS Sunday Morning, nos EUA. Ao promover “Avatar: Fogo e Cinzas“, o cineasta estabeleceu clara distinção entre a tecnologia de captura de performance utilizada em seus filmes e os sistemas de IA que podem criar personagens artificiais a partir de comandos de texto.
“Por anos, houve essa sensação de que ‘Oh, eles estão fazendo algo estranho com computadores e estão substituindo atores’, quando na verdade, uma vez que você realmente analisa e vê o que estamos fazendo, é uma celebração do momento ator-diretor”, afirmou Cameron. Sobre a IA generativa, ele foi categórico: “Não, isso é horrível… É exatamente o que não estamos fazendo.”O diretor explicou que as tecnologias são “o oposto” uma da outra. Enquanto a captura de performance registra o desempenho real de atores como modelo para artistas digitais, a IA generativa cria personagens e atuações artificiais sem intervenção humana direta.
IA em filmes
A crítica de Cameron ocorre em um momento de intenso debate em Hollywood sobre o uso de inteligência artificial na indústria cinematográfica. O diretor enfatizou que seu método valoriza o trabalho dos atores, diferentemente da IA generativa, que poderia substituí-los.
Para as filmagens de “Avatar”, a equipe utilizou tecnologias avançadas de captura de movimento e CGI, criando o mundo alienígena de Pandora. Um tanque com aproximadamente 250.000 galões de água foi construído para as cenas subaquáticas, onde atuaram Sigourney Weaver, Zoe Saldaña e outros atores.
Durante a produção, foi criado um oceano artificial capaz de gerar ondulações de até dois metros e simular ondas quebrando na costa. Cameron detalhou que na captura de movimento, utilizam várias câmeras para registrar a performance corporal dos atores e uma ou duas câmeras para filmar seus rostos, mantendo-os em close-up constantemente.
“Vá para o outro extremo do espectro e você tem a IA generativa, onde eles podem criar um personagem, podem criar um ator, podem criar uma performance do zero com um comando de texto”, disse o diretor, rejeitando veementemente essa abordagem.
O terceiro filme da série Avatar continuará a história da luta dos Na’vi para defender seu paraíso dos humanos colonizadores. Cameron escreveu o tratamento para “Avatar” antes de “Titanic”, mas só em 2005 considerou que a tecnologia disponível poderia dar suporte à sua visão.
Trajetória de James Cameron
O cineasta também compartilhou sua trajetória pessoal, desde caminhoneiro até se tornar um dos diretores mais influentes de Hollywood. “Eu vivia em um mundo da minha imaginação, eram quadrinhos, ficção científica. Eu lia muito. Havia filmes, programas de TV. Eu tinha uma imaginação bastante fértil”, revelou.
Após assistir “Star Wars”, Cameron percebeu que poderia transformar sua imaginação em carreira. “Se as coisas que estou vendo em minha mente podem ser as mesmas coisas que estão em um filme que é o número um na história do cinema, então tenho uma imaginação vendável.”
No início dos anos 1980, inspirado por um sonho sobre um exoesqueleto robótico, ele coescreveu e dirigiu “O Exterminador do Futuro”. O filme o projetou em Hollywood. Porém, sem condições financeiras para frequentar a Universidade do Sul da Califórnia, estudou efeitos visuais de forma autodidata. “O que eu costumava fazer era ir até a Universidade do Sul da Califórnia, me enterrar aos sábados, quando não estava dirigindo um caminhão, nas pilhas de livros. E lia tudo o que podia encontrar sobre impressão óptica e projeção de tela frontal.”
Aliás, antes de iniciar “Avatar”, Cameron realizou sete expedições oceânicas, demonstrando sua paixão pela exploração. “Se eu ainda estiver fazendo filmes quando tiver um tubo de oxigênio no nariz e estiver com 87 anos ou algo assim, se eu tiver essa sorte, quero continuar fazendo coisas que não sei fazer”, concluiu o diretor.
Por fim, confira a entrevista de James Cameron na íntegra:
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