domingo, 21 de julho de 2019

As histórias de 10 fotografias da Terra tiradas do espaço


Na lista abaixo, vamos cobrir 10 das melhores fotografias espaciais da Terra — algumas icônicas, outras menos conhecidas, mas todas com uma bela história a ser contada.

1 — A Ascensão da Terra

A primeira missão tripulada à Lua, a Apollo 8, aconteceu em 21 de dezembro de 1968. Os três astronautas — Frank Borman, Bill Anders e James Lovell — tornaram-se os primeiros humanos a sair da órbita da Terra e alcançar outro corpo planetário. O objetivo da Apollo 8 era orbitar a Lua e procurar potenciais locais de pouso para futuras missões lunares.


Quando os astronautas emergiram do outro lado da Lua, durante sua quarta órbita em 24 de dezembro, eles notaram uma esfera azul erguendo-se sobre o horizonte lunar. Era a Terra, brilhando através de uma das janelas da espaçonave.


Como era uma missão de reconhecimento, a tripulação não deveria tirar fotos da Terra. Além disso, naquele momento, eles se preparavam para recitar passagens do Livro do Gênesis, durante uma transmissão ao vivo. No entanto, os astronautas ficaram tão impressionados com a visão da pequena Terra crescente, que se sentiram compelidos a fotografá-la.


Por um momento, eles pensaram que haviam perdido a oportunidade, mas assim que Lovell viu a Terra novamente em outra janela, Anders conseguiu tirar uma foto colorida da nossa pérola azul. Depois disso, os astronautas continuaram com sua rotina e leram o Gênesis para encerrar a transmissão como planejado.


A foto, que agora conhecemos como Earthrise, tornou-se uma das imagens mais famosas na história da exploração espacial e serviu de inspiração para a criação de movimentos ambientais como o Dia da Terra. Depois do voo, Anders declarou: “Viemos até aqui para explorar a Lua, e o mais importante é que descobrimos a Terra”.


2 — Estrelas cadentes vistas do Céu

Quando tentamos lembrar como é uma estrela cadente, o natural é imaginar que estamos olhando para o céu, observando um rastro de fogo que ilumina o manto noturno. Durante milênios, nos acostumamos a ver estrelas cadentes apenas aqui de baixo, da superfície da Terra.


Mas os tempos mudaram. Em 13 de agosto de 2011, um astronauta a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) tirou uma foto da Terra enquanto a estação pairava sobre a China. O que torna esta imagem especial é que ela mostra uma pequena faixa de luz cruzando a atmosfera da Terra.

O astronauta twittou a fotografia junto com uma legenda que dizia: “Assim é uma ‘Estrela Cadente’ vista do espaço, foto tomada ontem durante a Chuva de Meteoros Perseida.” De fato, a luz era na verdade um meteoro brilhante visto de cima. Como o tweet indica, a estrela cadente fazia parte da chuva de meteoros Perseidas, um evento que ocorre todos os anos em agosto.


Devido ao interesse dos cientistas em ver uma chuva de meteoros do espaço, uma câmera instalada na ISS grava o evento desde 2016, e já produziu alguns vídeos de tirar o fôlego. Agora que é possível ver meteoros do espaço sem qualquer distorção atmosférica, a comunidade científica tem um melhor entendimento da composição dos meteoritos que atingem o nosso planeta.


3 — Flutuando sobre os impérios da Terra



A história a seguir não envolve apenas uma incrível imagem da Terra, mas também uma proeza da raça humana. Em 1984, a NASA realizou uma missão para testar um protótipo de jetpack espacial para astronautas. O aparelho foi chamado de Manned Maneuvering Unit (MMU).


Em fevereiro daquele ano, o astronauta Bruce McCandless voou para o espaço pela primeira vez a bordo do ônibus espacial Challenger para testar o jetpack. Depois de alguns testes dentro da espaçonave, McCandless se aventurou no espaço vazio com o MMU nas costas. Assim, em 7 de fevereiro de 1984, McCandless se tornou o primeiro humano a fazer um “passeio” espacial completamente livre de ligações com sua nave.

O momento foi imortalizado em uma imagem panorâmica tirada do Challenger, enquanto Bruce flutuava a cerca de 98 metros de distância do ônibus espacial. A foto fala por si mesma: era apenas ele no meio da escuridão do espaço sideral e com a vastidão azul da Terra sob seus pés.


Antes de sua morte em dezembro de 2017, McCandless confessou à National Geographic que ele não havia parado para observar a Terra durante seu voo livre. No entanto, em um certo momento, ele notara que estava sobre o estado da Flórida.


4 — A luz e a escuridão



Depois que a Guerra da Coreia terminou em 1953, a Coreia do Sul e a Coreia do Norte tinham níveis econômicos semelhantes, mas a economia da Coreia do Sul cresceu continuamente durante as décadas seguintes, enquanto isso, a Coreia do Norte mergulhou na pobreza.


Na década de 1990, a União Soviética entrou em colapso e parou de fornecer combustível para a Coreia do Norte, um dos seus países “mimados”. Somada a uma fome que devastou a Coreia do Norte quase ao mesmo tempo, essa falta de combustível fez com que o fornecimento de energia no país fosse drasticamente reduzido.

Não há melhor maneira de ver a precária infra-estrutura energética da Coreia do Norte do que através de imagens tiradas do espaço. Em janeiro de 2014, um astronauta a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) fotografou a península coreana durante a noite.


Na parte superior da imagem, podemos ver a China, enquanto a brilhante Coreia do Sul se destaca no canto inferior direito. Entre os dois países, há um espaço quase completamente escuro, que combina perfeitamente com a escuridão dos mares circundantes. Mas na verdade, ali é a Coreia do Norte.

O ponto mais forte de luz na Coreia do Norte vem de sua capital, Pyongyang, que há uma década tinha mais de três milhões de habitantes. No entanto, a luz da capital Pyongyang é fraca, quando comparada ao brilho das cidades menores da Coreia do Sul.


Quando a imagem da ISS foi divulgada publicamente, a Coreia do Norte prontamente fez algumas declarações, alegando que “a essência da [sua] sociedade não está em luzes brilhantes”. Apesar disso, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, pediu aos seus cidadãos para trabalharem duro, para que a eletricidade do país fosse restaurada.


5 — A primeira selfie do espaço



Tirar selfies é uma prática comum para quase todo mundo. De fato, estima-se que por dia sejam tiradas mais de um milhão de selfies. Geralmente, muitas dessas fotos são feitas em algum lugar especial e bonito do nosso planeta.


Contudo, tirar uma selfie no espaço exterior e ter toda a Terra ao fundo é para poucos. Esse tipo de fotografia, a propósito, é conhecido como “selfie espacial”.

Em novembro de 1966, a NASA realizou uma missão espacial chamada Gemini XII para testar a capacidade dos astronautas de atracar em outra espaçonave em órbita. Um dos membros da tripulação era Buzz Aldrin, que mais tarde se tornaria o segundo homem a pisar na Lua.


Gemini 12 foi o primeiro voo espacial de Aldrin, e ele passou cinco horas e meia fora da nave. Os astronautas tinham uma câmera para registrar apenas fatos relacionados à missão, mas o Aldrin teve a ideia de testar a câmera em si mesmo.

Para isso, os astronautas tiveram que mudar a direção da espaçonave. Quando a câmera foi montada , a equipe manobrou a nave para o ângulo correto e desligou os propulsores para que eles não piscassem na foto.

Com a escotilha da nave aberta, Buzz ficou em pé e clicou na câmera à sua frente. Dessa forma, um dos primeiros humanos a pisar na Lua também acabou sendo a primeira pessoa a tirar uma selfie espacial. Como um fato interessante, a foto foi vendida por 9.200 dólares em um leilão em 2015.


6 — Mármore Azul



A tripulação da Apollo 17 decolou da Terra na noite de 7 de dezembro de 1972, naquela que acabaria sendo a última missão tripulada à Lua da NASA. Ao longo da jornada, os astronautas Eugene Cernan, Harrison Schmitt e Ron Evans tinham que manter uma complexa rotina para manobrar o enorme foguete Saturno V que os levava ao nosso satélite natural. Por essa razão, eles não podiam tirar fotos ou se distrair olhando pela janela.


Entretanto, quando eles estavam a cerca de 45.000 quilômetros da Terra, um dos astronautas não pôde deixar de olhar para o nosso mundo. Com a única câmera ao alcance naquele momento, ele decidiu fotografar uma visão ímpar da Terra. De fato, a fotografia se tornou a primeira imagem colorida na qual todo o nosso planeta pode ser visto.

A imagem virou uma sensação internacional, aparecendo na primeira página de inúmeros jornais ao redor do mundo. Como a fotografia — agora conhecida como “The Blue Marble Shot” — é de domínio público, acredita-se que ela seja a imagem mais reproduzida da história. Os astronautas da Apollo 17 nunca chegaram a um acordo sobre qual deles tirou a foto.


Durante as décadas seguintes, a NASA publicou outras imagens da Terra semelhantes às de 1972. Mas todas elas eram imagens compostas, feitas com várias fotos tiradas em momentos diferentes. Foi somente 43 anos mais tarde que conseguimos capturar uma fotografia genuína de toda a Terra, graças a um satélite de observação conhecido como DSCOVR.

O satélite foi lançado em 2015 num esforço conjunto entre a NASA e a National Oceanic and Atmospheric Administration. Como sua órbita nos dá uma visão contínua da face da Terra iluminada pelo sol, uma nova imagem do nosso mundo por inteiro tornou-se possível.


7 — Eclipses vistos do espaço




Como eclipses solares totais ocorrem cerca de uma vez a cada 18 meses em algum lugar da Terra, os seres humanos registraram tais fenômenos do espaço várias vezes. Por exemplo, os astronautas da estação espacial Mir, agora destruída, tiraram uma fotografia espetacular de um eclipse solar total que escureceu a Terra em agosto de 1999. Mas, para destacar um recente eclipse solar, vejamos o que ocorreu em 21 de agosto de 2017, sobre a América do Norte.


O eclipse foi parcial em todos os Estados Unidos e total em 14 estados daquele país. Além de ter sido muito aguardado pelos cientistas por causa da oportunidade de estudar tal fenômeno, o eclipse também foi um dos eventos mais assistidos na história americana.

Com sua tecnologia, a NASA registrou este eclipse em detalhes. A cerca de 1,6 milhão de quilômetros de distância de nós e através do satélite DSCOVR, mencionado anteriormente, a agência obteve 12 imagens do caminho da sombra da Lua na superfície da Terra.


O resultado é uma sequência de vídeo de alguns segundos que mostra o eclipse visto do espaço cruzando todo o hemisfério visível do nosso planeta. O DSCOVR geralmente tira cerca de 20 fotos da Terra por dia. Mas, em vista da ocasião — e para fins de pesquisa — os cientistas decidiram configurar os instrumentos para tirar mais fotografias naquele dia. Mesmo assim, o vídeo mostra o movimento do eclipse a uma velocidade bem maior do que a ocorrida no fenômeno.


8 — Um pálido ponto azul



Em 1977, a NASA lançou duas espaçonaves chamadas Voyager para explorar os planetas além da Terra. Treze anos depois, a sonda chamada Voyager 1 se aproximava dos confins do nosso sistema solar.


Foi então — em 14 de fevereiro de 1990 — que os engenheiros decidiram ligar a câmera da espaçonave para dar uma última olhada na nossa vizinhança planetária. A cerca de 6,4 bilhões de quilômetros de nós, mais longe do que qualquer outra máquina humana havia ido antes, a Voyager 1 tirou 60 fotografias para criar o primeiro “retrato” do sistema solar.

Em uma das imagens, várias faixas de cores podem ser vistas. Elas são raios de luz do Sol. Perto do centro da imagem, na zona intermediária de uma das listras, podemos ver a Terra. Nosso planeta, mostrado como um pequeno ponto com 0,12 pixels de tamanho, não tem características visíveis além de seu pálido brilho e é quase indistinguível da escuridão do espaço.


Em 1994, o famoso astrônomo Carl Sagan publicou um livro no qual ele comentou sobre esta imagem, que ele chamou de Pale Blue Dot. Sagan refletiu: “Olhem de novo para o ponto. É aqui. É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas.” [...]

“Cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada rei e camponês, cada jovem casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada professor de ética, cada político corrupto, cada “superestrela”, cada “líder supremo”, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu ali — em um grão de pó suspenso num raio de sol.”


9 — A descoberta de uma ilha



Como parte do programa Landsat da NASA, o satélite de tecnologia de recursos da Terra (ERTS-1) foi lançado ao espaço em 1972 para fotografar as características da Terra e as massas terrestres pela primeira vez. Em 1973, a pesquisadora Elizabeth Fleming analisava as novas imagens transmitidas pela ERTS-1 para encontrar ilhas desconhecidas ao largo das costas do Canadá. Entre as regiões menos exploradas estavam as costas setentrionais da província de Labrador, que haviam sido mapeadas pela última vez em 1911.


Ao estudar as imagens, Fleming notou algumas manchas brancas espalhadas no oceano e considerou que elas fossem icebergs. Porém, a pesquisadora logo percebeu que as manchas, na verdade, eram pequenas porções de terra seca. Um pedaço de terra, localizado a cerca de 20 quilômetros da costa do Labrador, chamou-lhe a atenção.

Era maior que o resto e media 25 metros por 45 metros. Então, legalmente, era uma ilha. Em 1976, o Dr. Frank Hall, do Serviço Hidrográfico Canadense, recebeu a tarefa de confirmar a existência da pequena ilha.


Usando um arnês, Hall foi baixado de um helicóptero para a ilha, coberta de gelo. De repente, quando ele estava prestes a tocar o chão, um urso polar tentou derrubá-lo. O urso estava na parte mais alta da ilha e era imperceptível devido à sua pelagem branca.

Imediatamente, Hall puxou o cabo e voltou para o helicóptero sozinho. Segundo suas palavras, ele quase se tornou a primeira pessoa a morrer naquela ilha. Após a experiência, Hall sugeriu que o local fosse chamado de Ilha Polar.


O lugar foi batizado de Ilha Landsat em 1979, quando seu satélite descobridor, o ERTS-1, foi renomeado para Landsat 1. As imagens de satélite são inerentemente incríveis, mas as histórias que elas geram aqui na Terra, as tornam ainda mais impressionantes.


10 — A primeira fotografia tirada do espaço



Durante a primeira metade do século XX, as pessoas não sabiam como era a Terra vista do espaço. Até então, o mais alto que tínhamos ido para tirar fotos de nosso próprio mundo, era cerca de 22 quilômetros de altura, usando balões gigantes. Mas isso mudou em 1946, quando desenvolvemos a tecnologia que nos permitiu voar mais alto.


Após o final da Segunda Guerra Mundial, os americanos capturaram foguetes V-2 originalmente desenvolvidos pelos nazistas. As armas destrutivas, que antes eram responsáveis ​​por milhares de mortes, estavam agora nas mãos de cientistas nos Estados Unidos, que substituíram os explosivos dos mísseis por instrumentos de observação.

Um foguete V-2 foi equipado com câmeras projetadas para tirar fotos a cada segundo e meio. Em 24 de outubro de 1946, o antigo míssil voou a uma altitude de 105 quilômetros. De lá, foi tirada a primeira foto da Terra do espaço.


Na imagem, podemos ver o sudoeste da América do Norte sob algumas formações de nuvens, bem como o detalhe da curvatura da Terra. Uma vez que sua missão foi concluída, o foguete caiu de volta à Terra. O que sobrou dele, incluindo a câmera, despencou a cerca de 550 quilômetros por hora.

Mas a fita de gravação sobreviveu intacta, porque estava protegida em um recipiente de aço. Então, os pesquisadores recuperaram as imagens e as analisaram. O entusiasmo dos cientistas por essa conquista foi notável. Em 1950, um artigo da National Geographic afirmou que as imagens mostravam “como a nossa Terra pareceria para os visitantes de outro planeta que chegassem aui em uma nave espacial”.


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