quinta-feira, 4 de julho de 2019

Mary Bell: A assassina mais jovem da história


Mary Bell tinha apenas 10 anos - na verdade, um dia antes de completar 11 anos de idade - quando cometeu seu primeiro assassinato. Voltou a matar com 11 anos. Suas vítimas foram dois garotinhos, Martin Brown de 4 anos e Brian Howe de 3 anos. Houveram outras acusações de tentativas de estrangulamento dela contra quatro meninas. A crueldade de seus atos em combinação com sua pouca idade, tornaram seu caso muito expoente, havendo as mais variadas teorias sobre sua postura social e psicológica. Seria ela um monstro ou vítima das circunstâncias?


INFÂNCIA CONTURBADA 

Mary Flora Bell nasceu em 26 de maio de 1967, em Newcastle Upon Tyne, Scotswood, Inglaterra. Nascida em um lar completamente desestruturado, era filha ilegítima de Beth Bell, uma prostituta de 17 anos de idade e mentalmente perturbada, além de ser ausente. Bell nunca chegou a conhecer seu pai. Mary e seus irmãos tratavam o padrasto, Billy Bell, como tio, pois dessa maneira a mãe dela receberia auxílio financeiro do governo.

Durante a infância, Mary era constantemente humilhada pela mãe devido ao fato de urinar na cama. Betty esfregava o rosto da filha na urina e pendurava o colchão molhado ao lado de fora para todos verem. Beth também levou a filha para uma agência de adoção, mas não conseguiu que a filha fosse adotada. Beth aplicava castigos severos; nas inúmeras tentativas de se livrar de Mary, entupiu a menina de remédios fazendo com que Mary fosse parar no hospital para fazer uma lavagem de estômago. O mais perturbador para Mary era quando Beth permitia - forneceu o consentimento - que ela fosse abusada sexualmente, sendo forçada a participar dos jogos sexuais da sua mãe com os clientes diversas vezes. Isso tudo antes dela completar 5 anos de idade.


Com isso Mary desenvolveu seu passatempo favorito: maltratar animais. Além disso, ela adorava espancar suas bonequinhas e não chorava quando se machucava. Aos 4 anos tentou matar um coleguinha enforcado e aos 5 presenciou sem nenhum tipo de emoção o atropelamento de um outro amiguinho. Depois que aprendeu a ler ficou incontrolável. Pichava paredes, incendiou a casa onde morava e torturava animais com maior frequência.


NORMA BELL



À esquerda Mary Bell e à direita sua amiga Norma Joyce Bell.

Mary Bell era amiga de Norma Joyce Bell de 13 anos; Em 11 de maio de 1968, as duas brincavam com um primo de Mary, de 3 anos, em um abrigo em desuso. A criança aparentemente caiu e machucou a cabeça. No dia seguinte, três meninas de 6 anos brincavam quando foram surpreendidas por Mary e Norma. Mary aproximou-se de uma delas e apertou seu pescoço, Norma fugiu deixando Mary sozinha e a polícia foi chamada.


MARTIN GEORGE BROWN: A PRIMEIRA VÍTIMA FATAL

Em 25 de maio, dois meninos procuravam pedaços de madeira em uma casa em ruínas quando se depararam com um cadáver de menino louro; o menino era Martin George Brown, de apenas 4 anos. Ele estava deitado próximo a uma janela, com sangue e saliva escorrendo pelo rosto, eles alertaram os operários de uma construção perto dali; um dos operários tentou reanimar a criança, mas o menino já estava morto.


Um dos rapazes percebeu quando Mary e Norma se dirigiam para o interior da casa, na verdade, a intenção de Mary era mostrar à amiga seu “trabalho”. Quando elas passaram por entre as tábuas que cercavam a porta, eles as fizeram ir embora.


As duas então decidiram comunicar a tia de Martin, elas disseram que uma criança havia sofrido um acidente fatal, e que acreditavam que Martin havia morrido.


A polícia chegou ao local, e viram que Martin havia sofrido várias lesões na cabeça e não havia sinais de violência. A polícia acreditou que a causa da morte fora acidente e o caso permaneceu em aberto. A população exigiu das autoridades que se tomassem medidas para o perigo representado pelos prédios abandonados.


No dia 26 de maio, aniversário de Mary, ela tentou estrangular uma outra amiguinha mas o pai da menina chegou a tempo de tirar Mary Bell a bofetadas de cima da filha.


Mary Bell em sua adolescência, a data da fotografia é desconhecida.


Em 30 de Maio, ela bateu na porta da casa dos pais de Martin George e pediu para falar com ele. “Martin está morto querida!” disse a mãe do menino. “Eu sei que ele está morto. Só queria vê-lo no caixão!” respondeu Mary Bell.


O comportamento de Mary perante a morte de Martin era estranho, mas ninguém ligou isso à morte misteriosa do menino, afinal Mary era apenas uma jovem, ninguém poderia imaginar que seria a responsável pelo homicídio.


No dia 27, segunda-feira de manhã, os professores de uma creche no final de Whitehouse Road a encontraram vandalizada. O material letivo e os produtos de limpeza estavam jogados pelo chão, e haviam bilhetes com mensagens grosseiras e confissões de assassinatos:


Bilhetes com a caligrafia de Mary Bell, no registro à esquerda ela diz: “Nós matamos Martin Brown , foda-se”, no bilhete à direita a mesma afirma: “ Eu mato para que possa voltar”.


Ela ainda rabiscou outras mensagens, duas delas diziam:

“Foda-se, nós matamos, cuidado Fanny e Faggot” (sic)

“Vocês estão ferrados, nós matamos Martin Brown, você, Bete, procure por aí, HÁ Assassinos por FANNYE Faggot, seus idiotas” (sic)


A polícia coletou as notas ameaçadoras. Mais tarde, Mary e Norma assumiriam que elas vandalizaram a creche. Não posso afirmar nada, mas provavelmente Fannye e Faggot era um pseudônimo que ambas usavam para assinar as mensagens.


BRIAN HOWE: A SEGUNDA VÍTIMA



Dois meses depois, no dia 31 de julho, Pat Howe procurava seu irmão Brian, de 3 anos, quando Mary perguntou “Você está procurando o Brian?” e ofereceu-se para ajudar nas buscas. Mary, Pat e Norma seguiram para um terreno baldio cheio de blocos de concreto, pois Bell disse que o menino poderia estar brincando ali. O corpo de Brian foi encontrado às 23:10, Mary Bell conduziu Pat até ali, de uma maneira fria e sádica apenas para ver qual seria a reação da menina ao se deparar com o cadáver do irmão.


Mary Bell estrangulou até a morte Brian Howe, de 3 anos. Além de estrangulá-lo, a pequena Mary Bell ainda fez cortes em suas pernas e furou seu abdômen marcando um "M", a inicial de seu nome, como uma assinatura. O corpo do menino estava coberto de grama, e uma tesoura foi encontrada ao lado do corpo.


INÍCIO DAS INVESTIGAÇÕES

No verão de 1968 a polícia começou a interrogar os moradores de Scots Wood, principalmente as crianças. No total, mais de 1200 crianças foram ouvidas. O primeiro ponto da polícia foi o depoimento de Norma Bell, ela disse ter estado presente quando Brian foi morto, e disse que um menino matou o garoto. Maria também disse que no dia do crime viu um menino agredindo Brian aparentemente sem motivo, ela também alegou que viu o menino com uma tesoura quebrada. Estava claro que as duas meninas haviam visto Brian sendo assassinado. Antes do enterro de Brian, os policiais interrogaram Norma novamente; dessa vez ela entregou Mary, dizendo que ela havia matado Brian e que levou ela e Pat para o local do crime.


Mary e Norma foram presas no mesmo 7 de agosto, durante a noite.



Reportagens jornalísticas sobre Mary Bell, na segunda imagem podemos ler: "Mary é uma psicopata perigosa, diz doutor".


Mary era uma menina inteligente, divertia-se esquivando das perguntas dos policiais. Durante o seu julgamento Mary chegou a declarar: "Eu gosto de ferir os seres vivos, animais e pessoas que são mais fracos do que eu, que não podem se defender", influenciando para que a mesma fosse condenada a prisão por tempo indeterminado, mediante avaliações psiquiátricas.


“Ela não demonstrou remorso, ansiedade ou lágrimas. Ela não sentiu emoção nenhuma em saber que seria presa. Nem ao menos deu um motivo para ter matado. É um caso clássico de sociopatia,” disse o psiquiatra Robert Orton em seu laudo psiquiátrico. Sociopatia e psicopatia são termos equivalentes na psiquiatria. Alguns especialistas defendem que ambos são transtornos diferentes, já outros dizem tratar da mesma coisa.


Mary e Norma foram a julgamento pelas mortes de Brian Howe e Martin George Brown no dia 5 de agosto de 1968, o julgamento durou dias. O promotor de acusação Rudolf Lyons comentou sobre o comportamento mórbido de Bell de caçoar da dor dos familiares da vítima; citou também o conhecimento de Bell sobre o estrangulamento de Brian, pois não foi publicamente comentado a causa da morte do garoto.


Peritos encontraram fibras de lã cinza nos corpos de Brian e Martin que eram compatíveis com uma blusa de lã pertencente a Mary, e fibras marrons de uma saia de Norma foram encontradas em um dos sapatos de Brian. Peritos em caligrafia também analisaram os bilhetes deixados na creche vandalizada, e eles confirmaram que Norma e Bell escreveram os recados. A promotoria culpou Mary de influenciar Norma nos atos ilícitos.


Fotografia de Mary Bell tirada durante sua prisão.


O veredicto saiu em 17 de Dezembro de 1968: Norma foi inocentada de todas as acusações; Mary Bell, culpada foi condenada por assassinato em função de redução de responsabilidade. Mary Flora Bell foi enviada para a Red Bank Special Unit, uma clínica altamente segura e de certa forma confortável. Ela ficou sob os cuidados de James Dixon, que de certa forma lhe serviu como um pai. Ela também recebeu visitas da mãe, Betty; que ao perceber a aparência masculinizada de Bell disse: “Jesus Cristo, o que ainda vai ser? Primeiro assassina, agora lésbica?”


Em 1973, Mary foi transferida para a prisão de Moor Court Open; essa mudança provocou efeitos negativos em seu comportamento. Em 1977, Mary Bell fugiu, perdeu a “virgindade” e foi recapturada alguns dias depois. Ela afirmou que tentou engravidar, e seu companheiro vendeu sua história para os tabloides.


LIBERDADE



"Mary Bell caminha livre", o título da reportagem.


O tempo passou e após muitos tratamentos e avaliações ela foi liberada em 14 de maio de 1980, com 23 anos. Teve alguns empregos que não foram bem sucedidos, em parte pela preocupação de que voltasse a transgredir, como quando arranjou emprego em uma creche. Mary então arrumou outro emprego como garçonete.


Mais tarde casou e engravidou e devido ao seu passado teve que lutar pelo direito de criar sua filha, a qual nasceu em 1984. De certa forma os anos de tratamento surtiram efeito, Mary tornou-se uma mãe amorosa.


Ela tem sua nova identidade e endereço mantidos sob sigilo pela “Ordem Mary Bell”, uma Lei criada em 21 de maio de 2003 na Inglaterra que protege a identidade de qualquer criança envolvida em procedimentos legais. Apesar disso continuou tendo problemas com a vizinhança que sempre descobria sua verdadeira identidade. Mary não se livrou de seu passado macabro. Em 2007, depois da morte da sua mãe, Mary Bell aceitou ser entrevistada, pela jornalista Gitta Sereny, resultando no livro “Gritos no Vazio” que contém sua biografia escrita pela mesma jornalista. Mas o governo inglês evita a comercialização da obra, tentando mantê-la apenas nas mãos de pessoas que estudam temas ligados à psicopatia.


Fotografia de Mary Bell após sair da prisão, já adulta.


Acredita-se que o livro rendeu um bom dinheiro à Bell, e tanto esse dinheiro quanto o anonimato causaram controvérsias, principalmente entre os familiares de Martin e Brian. As últimas notícias que se tem dela é que hoje ainda está casada, é avó e vive sob o medo da exposição.


Lembrando que não existe cura para psicopatia ou sociopatia, é um modo de ser, você apenas se acostuma com isso, psicopatas conseguem manipular facilmente as pessoas ao seu redor, porém isso não significa que Mary Bell voltará a matar, muitos convivem com isso sem nunca ter cometido crime algum. O que eu me pergunto é: Será que a pequena Mary Bell de antigamente morreu, ou está apenas adormecida? De qualquer maneira não tem importância, ela não voltará mais.

Do nosso véi

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